CONSTRUINDO SABERES A PARTIR DE UM ARTEFATO CULTURAL: O SUPERMERCADO

A prática pedagógica a qual desenvolvi, tem como objetivo deslocar os alunos da posição de não-aprendentes para a de aprendentes. A idéia de montar um supermercado foi justamente para provocar a mudança de olhar sobre os mesmos e romper com a idéia de "dificuldades de aprendizagem". Alguns alunos apresentam uma demanda pedagógica bastante marcada quanto aos saberes de matemática, achando serem incapazes para fazer contas e resolver problemas.
Inicialmente classificamos as embalagens trazidas pelos alunos , por gênero: alimento, limpeza, higiene, farmácia, escolar. Após estipulamos um preço para as mercadorias. Em mãos os alunos tinham uma listagem de preços que pesquisaram dias antes nos mercadinhos do bairro, para facilitar o andamento do nosso supermercado. As crianças mencionavam preços de certos produtos ( leite, biscoito, macarrão, refrigerante,etc) , fui anotando no quadro nome dos produtos e seus preços. Os preços dos produtos diferenciavam de um mercado para o outro, tivemos que chegar a um concenso. Fizemos um cartaz para expor na sala com os nomes dos produtos e os preços. Alguns alunos se situavam como vendedores e outros como compradores. Cada grupo de alunos recebeu dinheirinho de brinquedo.Ao retornar do supermercado cada grupo registrou em seu caderno o nome dos produtos comprados e seu respectivo valor. Após feito isto, somaram tudo o que compraram para ver quanto cada grupo gastou. Qual o grupo que gastou mais? Quanto a mais?
Ficou evidente que ao criar condições e possibilidades para que os alunos possam se ver como sujeitos de saberes, a cultura escolar se defronta com diferentes formas de fazer matemática.

Evidências:

APRENDENDO MATEMÁTICA BRINCANDO

Nas aulas de matemática, no 1° e 2° anos onde eu trabalho, ao contrário do método tradicional, estou utilizando jogos matemáticos,alguns confeccionados pelos alunos.Os jogos desenvolvem o cálculo mental, raciocínio lógico, contagem, reconhecimento de figuras geométricas e as noções de localização no espaço. Fica evidente que através dos jogos os alunos aprendem matemática com mais prazer.O resultado deste trabalho instiga a romper com o conceito de uma única forma de ensinar matemática. As diferentes estratégias do cotidiano, muitas vezes, não fazem parte do contexto escolar, fazendo-se entender que existe a matemática da escola e do cotidiano, sendo que a primeira impõe a sua superioridade sobre a segunda. Como consequências, aparecem as dificuldades dos alunos ao lidarem com os números na escola, a reprovação e a falta de interesse pela matemática. No decorrer do processo pedagógico, a maneira de ensinar matemática foi se modificando, passando a entendê-la como um processo dinâmico cheio de descobertas e não mais como algo pronto. As aulas de matemática passaram a ser um espaço onde a produção dos saberes é discutida e contextualizada com os diferentes modos de pensar e entender a matemática.

CICLOS DA NATUREZA

Durante a atividade realizada com os alunos sobre as sombras surgiram questionamentos bem interessantes, como:
-Dentro de casa também existe sombra?
-Nossa sombra cresce conforme nós crescemos?
-Para haver sombra é necessário haver luz?
Aproveitei esses questionamentos para explicar aos alunos como acontece o ciclo do sol e sombra.Contei a eles que quando eu era pequena, meu pai contava que ele não precisava de relógio para saber quando estava na hora de voltar dala voura, ele olhava para sua sombra e sabia que horas eram. Outro fato interessante é de um relógio biológico feito por um professor da Escola Técnica Agrícola de São Leopoldo, ele fez o relógio utilizando tipos de chás para cada hora do dia. Assim o professor responsável pelas ervas medicinais realizou ua pesquisa e usou o chá mais adequado para aquele horário do dia. Com esse estudo e exemplos citados os alunos puderam aprender que para se obter sombras precisamos de luz, não necessariamente luz do sol.



Fotos produzindo sombras:

Relógio biológico:

LAZER E APRENDIZAGEM

Levei os alunos para uma tarde diferente. Fomos à biblioteca pública da cidade para conhecermos o espaço destinado a leitura e pesquisas. Também assistimos a um teatro no auditório da biblioteca, promoção do SESC. A apresentação da peça "As quatro chaves", pelo grupo Vento Forte de São Paulo. Foram horas especiais para eles, desde a saída da escola até a volta. Durante a apresentação da peça que teve a participação de doze pessoas, entre músicos e atores, os alunos interagiram participando de cenas no decorrer da peça. A participação dos alunos foi muito espontânea, quando eram instigados a participar, todos queriam. Com essas atitudes está mais do que evidente que os alunos ao participarem de atividades coletivas adquirem um vocabulário vasto e tornam-se mais espontâneos, levando-os a prestigiar a arte e a cultura.

Fotos dos alunos participando do teatro: